Anúncio, feito neste domingo (7) em Leipzig, na Alemanha, garante bolsas de estudos para que os competidores continuem sua formação em universidades do Brasil

O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade, garantiu que os 41 competidores brasileiros no WorldSkills Leipzig terão bolsas de estudos para continuarem sua formação em universidades. O apoio independe do resultado no torneio que termina neste domingo (7) na Alemanha. A maioria dos jovens – todos com até 21 anos – ainda não iniciou cursos de graduação. Essa é uma oportunidade para que avancem na preparação para o mundo do trabalho.

O anúncio foi feito em um café da manhã oferecido à delegação na cidade sede da competição, que contou também com a presença de deputados e senadores das Comissões de Educação, Ciência e Tecnologia e de presidentes de federações de indústrias de 12 estados.

Andrade destaca a importância de o país estar representado na disputa como uma forma de avaliar os profissionais brasileiros e saber como estão a formação e a produtividade em relação aos outros países. “Além disso, o WorldSkills é uma oportunidade para o Brasil formar jovens multiplicadores de boas práticas profissionais”, lembrou. Os ex-competidores mantêm vínculos com as unidades do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) de forma a levar conhecimentos sobre avanços tecnológicos adotados na competição para os outros alunos.

O presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs), Heitor José Müller, veio a Leipzig acompanhar o desempenho dos cinco representantes do estado. Ele ressaltou que as empresas precisam de profissionais preparados em todos os níveis, desde as diretorias até o chão de fábrica. “As pessoas são a alma da indústria. O sucesso do país nesse setor depende dos trabalhadores”. Para Müller, a participação neste tipo de torneio incentiva que novos jovens ingressem na educação profissional. 

Os ganhadores das medalhas de ouro, prata e bronze e dos diplomas de excelência em cada uma das 46 ocupações serão anunciados na cerimônia de encerramento do torneio neste domingo (7), às 19h30 (horário local e 14h30, horário de Brasília). A transmissão poderá ser acompanhada pelo site do evento.

Maurício Zangali Toigo e Henrique Baron estão confiantes no desempenho da equipe de mecatrônica

BOAS CHANCES – Exemplo que a incentivo funciona é o caso da dupla formada pelos gaúchos de Caxias do Sul Maurício Zangali Toigo, 19 anos, Henrique Baron, 20 anos. Eles foram preparados na mesma escola dos campeões mundiais em Mecatrônica no Worldskills 2011, realizado em Londres.

Eles estão confiantes no desempenho e brigando pelo pódio na modalidade Mecatrônica. O Brasil disputou a categoria com outros 33 países. Baron conta que o nível técnico em Leipzig está mais elevado. Em Londres, havia cerca de cinco bons times disputando a medalha. “Neste ano, tínhamos dez bons competidores, o que torna a disputa mais acirrada”, conta o jovem que se preparou por um ano e meio treinando oito horas diariamente. Ele acredita que os principais adversários são Japão e Noruega.

Baron e Toigo tinham o desafio de montar máquina. Para isso, recebiam sistema desmontado e as instruções de como montar e como funcionava. Ganha o ouro quem cumprir com a tarefa, se planejando e executando a construção e o funcionamento da máquina em menos tempo e com a melhor performance.

Atualmente, Baron cursa faculdade de Engenharia Mecânica e Toigo faz Engenharia de Controle e Automação. Os planos para o futuro começam a serem traçados aqui mesmo em Leipzig. Toigo quer ir para o exterior depois de se formar para aperfeiçoar seus conhecimentos. Já Baron quer arrumar emprego na indústria e, depois, com certa experiência, estudar na Alemanha.

Representante do Brasil na categoria Tecnologia da Moda, Charllene Oliveira motivou as duas irmãs a entrarem no SENAI

MULTIPLICADORA – A pernambucana Charllene Oliveira, uma das seis mulheres do grupo de 41 brasileiros, competiu na modalidade Tecnologia da Moda com mais 21 países. “Estou bem feliz, pois coloquei em prática o que aprendi. A competição se sofisticou. Antes, era só desenvolver uma coleção. Agora, temos de planejar a coleção, criar, modelar, cortar e costurar. Tudo dentro de um tempo apertado”, comenta.

Charllene entrou no SENAI com 14 anos e fez, em 2006, o curso de Vestuário, e depois, em 2009, de Produção de Moda. Ela – que estampou a capa de um dos jornais de Leipzig, quando a seleção brasileira visitou uma escola alemã – motivou as duas irmãs a entrarem no SENAI na cidade de Paulista (PE). As duas fizeram o mesmo curso que ela. Uma já trabalha no ramo e a outra quer se juntar a Charllene quando ela for abrir seu próprio ateliê de alfaiataria. “O SENAI abriu meu mundo e mostro a importância do que é trabalhar com excelência”, afirma.

MÃOS NA OBRA – O catarinense Antonio Cunha, 20 anos, teve uma inspiração importante em casa. Sua irmã é ginasta olímpica e participa de competições internacionais. Foi ela que, há três anos, o matriculou no seu primeiro curso do SENAI em São Bento do Sul (SC). “Fiz o curso de Prototipista e, depois de Desenhista de Móveis”, diz Cunha, que representou o Brasil na modalidade de Marcenaria de Estruturas.

Para ele, a prova foi difícil. Mesmo tendo se preparado durante um ano e meio, cerca de 12 horas por dia, Cunha comenta que pode perceber a alta competitividade do mercado internacional, representado pelos seus concorrentes.  Mas não desanima e faz planos para seu futuro: “Dar início à faculdade na área de Móveis e Gestão de Produção e ajudar meus colegas no treinamento para fazermos novos campeões."

O restante do dia será de expectativa. Mesmo com alguma ideia do desempenho de seus adversários nas provas, os competidores só saberão do resultado final de cada uma das 46 ocupações na cerimônia de encerramento. Os 41 brasileiros disputam medalhas em 37 delas. 

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