É verdade que a crise mundial e a concorrência estrangeira, somadas a uma série de fatores internos como o crescimento mais lento da renda e o aumento do protecionismo, têm lançado desafios à sobrevivência da indústria brasileira. "As coisas estão difíceis e irão piorar", como fez questão de reforçar o professor de economia da Universidade de Brasília, Jorge Arbache, em palestra hoje (20) na Fiemg Regional Centro-Oeste. Paralelo a esse cenário de incertezas, entretanto, abrem-se oportunidades que podem levar indústrias a um boom de desenvolvimento. Esse foi o principal assunto discutido pelo consultor com empresários de Divinópolis no Dia do Empresário da Indústria, e como parte do Programa de Desenvolvimento Associativo (PDA) da Fiemg.
Uma das mais importantes transformações em curso no país, segundo ele, está no campo demográfico, com o envelhecimento da população. "Há um grande mercado emergente de produtos e serviços para pessoas acima de 45 anos", alertou.
Outra mudança vem com as descobertas do pré-sal. Para o professor, o ganho com essas novas áreas não estão no petróleo em si, ou nos royalties, mas nas tecnologias que precisam ser desenvolvidas para a exploração.
Arbache chamou atenção também para o incremento da classe média, do mercado doméstico e das economias de cidades de menor porte, que estão crescendo bem acima da média nacional . "Somente as empresas antenadas para as informações e preparadas para trabalhar com custos baixos e tecnologias mais sofisticadas conseguirão aproveitar essas oportunidades", salientou.
Volta à tônica, nesse caso, a importância de se agregar valor à indústria nacional e mineira. "A produtividade é baixa e o custo de produção é alto no Brasil. Setores com condições de concorrer não por preço, mas por outros fatores de competitividade, como design e qualidade, serão mais beneficiados".