Saneamento básico e energia elétrica são essenciais para as megacidades

Especialistas brasileiros e alemães concordam que é preciso melhorar tecnologias para o setor e aplicar gestão eficiente. A ideia é proporcionar melhor desenvolvimento das cidades, que no Brasil respondem por 80% da geração do PIB

As megacidades têm desafios tão grandes quanto seu tamanho e complexidade. Três deles são especialmente complexos e precisam ser endereçados o quanto antes pelas grandes cidades brasileiras, sob pena de queda no bem-estar da população e aumento dos custos de vida das pessoas e de operação das empresas: água, esgoto e energia elétrica.

A constatação foi feita por especialistas brasileiros e alemães no 31º Encontro Econômico Brasil-Alemanha, realizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), a congênere alemã BDI e a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), em São Paulo (SP), de hoje até terça-feira (14).

"Captação, tratamento e distribuição de água e coleta e tratamento de esgoto em grandes cidades são o desafio das empresas do setor. É um desafio tecnológico e de gestão", explicou Dilma Pena, presidente da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp). A sustentabilidade das cidades, em termos de abastecimento de água e energia elétrica, de mobilidade urbana, segurança pública, bem-estar social e econômico é cada vez maior, tendo em vista que 80% do PIB brasileiro é gerado nas cidades, que ocupam 2% do território nacional.

As empresas brasileiras do setor de saneamento básico precisam, sobretudo, atuar com tecnologia e ter gestão moderna, defendeu Dilma Pena. Esses são, de acordo com ela, os principais obstáculos enfrentados pela maioria das 26 empresas estaduais de saneamento. "De dez a 12 operam em um nível médio de eficiência. As demais não têm capacidade de investimento, plano de negócios estruturado e metas de universalização", disse.

A presidente da Sabesp ainda recomendou: "É necessário proporcionar condições a essas empresas que operam em todo o país, em todas as grandes cidades brasileiras, a implementar tecnologia em todos os processos, a ter automação e a melhorar a gestão."

GESTÃO - Dieter Ernst, membro do conselho da German Water PArtnership, concordou com o ponto de vista de que existe um grave problema de gestão. "Não acontece só no Brasil. É no mundo todo. Em Hamburgo, um projeto inovador de tratamento de água está há mais de um ano atrasado por um problema de gestão das administrações municipais. A tecnologia existe e o recurso financeiro também. Só não evolui por um problema de gestão", afirmou.

Outro problema notado pelos especialistas, tanto no caso da água quanto no da energia, é o desperdício. Paulo Stark, presidente da Siemens do Brasil, citou que uma média de 36% da água tratada nas diversas cidades se perde na distribuição e em vazamentos não-detectados. "Na energia elétrica, há um desperdício de cerca de 10% na transmissão e distribuição e, em algumas cidades, de 30% a 40% nas perdas não-técnicas", disse, referindo-se ao popular "gato" elétrico.

A defesa de todos é a melhoria do sistema, o combate à fraude e, principalmente, a conscientização da população e do empresariado. "Muitas vezes as empresas não têm um programa de eficiência energética e não cobram do funcionário a economia. É preciso evitar esse desperdício", afirmou Paulo Stark.

A Sabesp, segundo Dilma Pena, conquistou uma redução de 14% no desperdício per capita de água nos últimos dez anos por meio de uma campanha de conscientização feita na mídia. "Um excelente resultado", ponderou Dilma.

FOTOS - No Facebook da CNI você encontra galeria com fotos do EEBA.

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