BNDES vai priorizar projetos de exportadoras brasileiras que atuam na África

Para o diretor Internacional e de Comércio Exterior do banco, Luiz Eduardo Melin, empresas exportadoras brasileiras devem ser munidas com informações sobre o ambiente de negócios africano

Durante o governo Lula, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) se voltou para a América Latina. Em uma década, os desembolsos para empresas brasileiras com negócios na região aumentaram dez vezes. Agora, o diretor Internacional e de Comércio Exterior do banco, Luiz Eduardo Melin, disse que o foco está na África. "Pretendemos atuar no financiamento de empresas exportadoras brasileiras e municiá-las com conhecimento de qualidade e informações confiáveis sobre o ambiente de negócios africano", disse.

Melin participou do painel "Brasil-África: desafios e oportunidades", ao lado do ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, e do diretor de Promoção Comercial e Investimentos do Ministério de Relações Exteriores, ministro Rubem Gama. O evento fez parte do Seminário África, promovido pelo jornal Valor Econômico nesta terça-feira (22), na sede da Confederação Nacional da Indústria (CNI) em Brasília (DF).

Segundo o diretor do BNDES, é possível dar um salto de qualidade e amplitude na pauta de exportação entre Brasil e África. Ainda muito voltado para produtos primários. Melin disse que é possível exportar bens de alto valor, equipamentos agrícolas, caminhões, aviões e navios, principalmente porque há um relacionamento de parceria e confiança entre o Brasil e os países africanos, com livre canal de comunicação entre governos e empresas. "Mas há uma lacuna grande, que vai além das questões de logística e infraestrutura. As empresas brasileiras não conhecem a África", afirma o diretor.

Melin também garantiu que o banco apoiará todas as ações no continente africano para a produção de biocombustíveis. Ele conta que o BNDES já fechou contrato com países do Oeste africano para elaborar estudos de viabilidade para a indústria de etanol. "Estamos dispostos a fazer com os demais. Estaremos lá para apoiar de maneira crescente. Veremos o continente africano crescer", garantiu.

DESAFIOS - O ministro Fernando Pimentel explicou que a diferença entre as relações do Brasil e dos países do Norte com a África é fácil de entender. "O Norte enxerga a África de cima para baixo. O Brasil enxerga nos olhos, de igual para igual", garantiu.

Para Pimentel, a África recomeça diante dos desafios do século XXI, e os desafios são conhecidos. Os africanos têm que enfrentar problemas de logística, energia e qualificação de mão de obra; consolidar o sistema jurídico e o econômico para atrair investimentos; e ainda conquistar um ambiente de estabilidade social para os países prosperarem.

Hoje, o Brasil tem melhores condições de fornecer mercadorias de boa qualidade para a África e contribuir para integrar o continente às cadeias produtivas globais, atividade conhecida como outsourcing. O ministro lembrou ainda que nenhum país tem uma cadeia produtiva completa de um produto. A Coréia do Sul, por exemplo, é competitiva na produção de automóveis, mas as autopeças de lá são produzidas na Índia.

MERCADO POTENCIAL - O diretor de promoção comercial do MRE, ministro Rubem Gama, disse que até 2017 a África deve crescer a uma taxa média de 6% e a renda da população tende a acompanhar esse crescimento. A África tem mais de um bilhão de pessoas e essa população, que ingressa no mercado de consumo, é um mercado potencial para os produtores brasileiros.

Gama afirmou que o potencial para as empresas brasileiras é imensurável nos setores de alimentos, autopeças, têxtil, máquinas e aparelhos. Ele destacou que o desafio das empresas é aprender a fazer negócios e trabalhar num ambiente em que apenas 63% da população têm água, 35% saneamento básico, 45% telefonia móvel e onde apenas 19% da rede de rodovias são pavimentadas.

O governo africano quer fazer negócios com as empresas brasileiras. Mas, na África, a presença do Estado na economia é muito forte e o empresariado brasileiro precisa estar ancorado em seu governo. "Não existe um mundo onde o setor público e o privado não se toquem", ressaltou.

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