Deficiências no saneamento básico prejudicam desempenho da indústria

Brasil precisa investir R$ 70 bilhões para melhorar a qualidade do sistema de água e esgoto, segundo a Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base

"Para a indústria ser competitiva precisa de água. Sem água não há produção" - Édison Carlos

As deficiências que o país possui na área de saneamento aumentam os custos de produção das indústrias e as perdas de água são um risco para o crescimento da atividade produtiva. Em reunião do Conselho de Infraestrutura da Confederação Nacional da Indústria (CNI) nesta terça-feira (9), em Brasília (DF), o presidente do Instituto Trata Brasil, Édison Carlos, apresentou que atualmente o Brasil investe 0,23% do Produto Interno Bruto (PIB). Mas, para universalizar o serviço, deveria investir em torno de 0,63% do PIB.

Pelos cálculos da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), são necessários R$ 70 bilhões para sanar os atuais problemas de saneamento no país. "Para a indústria ser competitiva precisa de água. Sem água não há produção. A prioridade no caso de escassez não é da indústria. É da população", afirmou Édison Carlos.

A água é um importante insumo da indústria. Os dados levantados em parceria com a Universidade de São Paulo (USP) mostram que 37,5% do faturamento das operadoras se perde em água que não é cobrada em função de vazamentos, roubos ou falta de medição. Nos países desenvolvidos essa perda gira entre 10% e 15%. No Japão é de 3%. "São recursos que poderiam voltar para as empresas de saneamento para ampliar o sistema e beneficiar toda a população. Se diminuirmos em 10% essas perdas, pelo menos R$ 1,3 bilhão deixaria de ser perdido", lembrou Édison Carlos.

A falta de saneamento atinge, principalmente, a produtividade dos trabalhadores. Os dados do Trata Brasil mostram que R$ 42 bilhões seriam injetados na economia anualmente com o aumento da produtividade do trabalhador. Somente com o afastamento causado por doenças gastrointestinais dos funcionários, as empresas têm seus custos elevados em R$ 240 milhões por ano.

SOLUÇÕES - Para universalizar o serviço de saneamento básico, de acordo com o presidente do Trata Brasil, é preciso haver uma desoneração fiscal, uma desburocratização do acesso a recursos financeiros e o aumento da eficiência na gestão das empresas de saneamento, entre outras medidas. "Não é um problema de falta de recursos, mas, sim, de gestão. Se conseguirmos desatar o nó burocrático, vamos avançar muito", afirmou.

O presidente do Coinfra, José de Freitas Mascarenhas, defendeu um aumento dos investimentos do setor privado. "Temos um problema de falta de competição no setor. É preciso estimular a ação privada e a questão regulatória é crucial", defendeu.
 

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