Os custos da indústria brasileira aumentaram 8,1% no terceiro trimestre de 2012 em relação ao mesmo período de 2011. A alta superou o aumento de 6,6% dos preços dos produtos industriais, registrado pelo Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), calculado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), o que sinaliza a redução da margem de lucro das empresas.
Esse foi o quinto trimestre consecutivo em que o Indicador de Custos Industriais subiu mais do que os preços dos manufaturados, informa a publicação trimestral Indicador de Custos Industriais, lançada nesta quinta-feira, 24 de janeiro, pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). O Indicador de Custos Industriais é formado por custo de produção (composto por custos com pessoal, bens intermediários e energia), custo de capital de giro e custo tributário.
De acordo com o estudo, o aumento de 8,1% no Indicador de Custos Industriais, o maior registrado desde 2010, é resultado da alta dos custos de produção e das despesas com tributos. O custo de produção subiu 10,6% no terceiro trimestre de 2012 frente ao mesmo período de 2011, puxado principalmente pelo aumento de 19,2% dos bens intermediários importados, cujos preços foram pressionados pela desvalorização do real. "Os custos com bens intermediários nacionais também aumentaram, mas com menor intensidade: 10%", afirma o estudo.
Os custos com tributos subiram 7,1% no terceiro trimestre de 2012 em relação ao mesmo período de 2011. "Mesmo diante das medidas do governo para a redução da carga tributária na indústria, como a desoneração da folha de pagamentos e a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), o custo tributário manteve-se em crescimento", informa a CNI.
O estudo mostra ainda que o ritmo de crescimento do custo com pessoal diminuiu e alcançou 9,9% no terceiro trimestre de 2012 frente ao mesmo trimestre de 2011. Na mesma base de comparação, os custos com energia aumentaram 4,4%. Com a redução dos juros, o custo com capital de giro caiu 30,7%.
Segundo o gerente executivo da Unidade de Pesquisa e Competitividade da CNI, Renato da Fonseca, os custos industriais tendem a diminuir com a redução das tarifas de energia, com as medidas de desoneração do setor produtivo e com uma eventual manutenção de queda no ritmo de aumento dos custos com pessoal. "Se esse quadro se mantiver, há uma tendência de redução dos custos", disse Fonseca.
COMPETITIVIDADE - Apesar do aumento dos custos, a desvalorização do real ajudou a melhorar a competitividade da indústria brasileira. Isso porque, enquanto os custos cresceram 8,1%, os preços dos produtos industrializados importados aumentaram 18,9%, impulsionados pela desvalorização de 24% do real diante no dólar no terceiro trimestre de 2012 na comparação com o mesmo período de 2011.
Ainda assim, os custos da indústria brasileira acumulam, desde 2006, quando começou a série histórica do indicador de Custos Industriais, um aumento superior ao dos preços em reais dos produtos industrializados importados e dos manufaturados no mercado dos Estados Unidos, observa o estudo da CNI.
Ouça o que disse Renato da Fonseca, gerente executivo da Unidade de Pesquisa e Competitividade da CNI clicando aqui.
Clique aqui para acessar a publicação