Até 2015, indústria precisa de 51 mil profissionais de perfil tecnológico por ano

Esses trabalhadores vão tornar viável a adoção de processos inovadores, tornando as empresas brasileiras mais competitivas

Quando Erick Feliz, de 19 anos, ficou duas semanas de castigo por não ter conseguido remontar o rádio de pilha da mãe, no qual ele fez uma espécie de engenharia reversa caseira aos cinco anos de idade, o perfil industrial do Brasil era muito diferente do atual. Predominavam nas indústrias as profissões mecânicas e havia poucas máquinas computadorizadas. Era só o começo da era dos robôs automatizados. Hoje, a indústria nacional tem um perfil altamente tecnológico. Fabrica tablets com tela sensível ao toque, microcomputadores de última geração, telefones inteligentes, robôs para linhas de montagem, aviões modernos. E precisa de profissionais para isso.

Ciente dessa necessidade, Erick se matriculou, há dois anos, num curso técnico de robótica industrial no Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) de Curitiba, no Paraná. Ele se destacou na área e hoje é o representante do Estado na 7ª Olimpíada do Conhecimento, a maior competição de educação profissional das Américas, promovida pelo SENAI no Centro de Exposições do Anhembi, em São Paulo.

A Olimpíada do Conhecimento reúne 54 ocupações profissionais. Cerca de 30% delas são de áreas com foco no conhecimento tecnológico, que envolvem, entre outras competências, domínio de matemática aplicada, programação computacional, eletrônica e capacidade de abstração. A pesquisa Mapa do Trabalho Industrial 2012, realizada pelo SENAI, mostrou que a demanda por esse tipo de profissional será de mais de 51 mil por ano, com tendência de salários promissores. “As habilidades que os cursos com perfil tecnológico oferecem serão cada vez mais valorizadas”, afirma o diretor-geral do SENAI, Rafael Lucchesi.

Na indústria de hoje, profissionais com capacidade de planejamento, de resolução de problemas, com visão ampla do processo, são fundamentais. “E os alunos dos cursos tecnológicos têm essas características, eles são orientados a buscar a visão do todo, a pensar nas diversas soluções de um problema. São altamente desejados na indústria”, disse Gustavo Leal, diretor de operações do SENAI.

Fábio Souza, avaliador líder da competição de CAD (desenho assistido por computador, na sigla em português), argumentou que os alunos competidores dessa modalidade saem prontos para auxiliar os engenheiros das empresas a construir peças, equipamentos e estruturas, por exemplo, depois de um extenso processo de testes virtuais. “O custo de um erro num processo industrial é muito alto. Por isso é que se faz todo o desenho antes no computador e são realizados diversos testes, inclusive construindo as peças em impressoras tridimensionais, para que, quando a produção começar, não existir mais erro”, explicou. Segundo ele, os alunos formados nesse curso não podem assinar os projetos, que ficam a cargo dos engenheiros, mas são eles que dão todo o suporte ao departamento de engenharia no desenvolvimento daquilo que os engenheiros projetam.

A Olimpíada do Conhecimento tem 15 ocupações de perfil altamente tecnológico, como eletrônica industrial, mecatrônica, CAD, construção de moldes, robótica móvel, robótica industrial, design gráfico e web design. Um exemplo é o curso de mecatrônica, que une conhecimento computacional, de mecânica e eletrônica, para que o profissional desenvolva sistemas de controle de máquinas e programação. A área de CAD ensina a competência de elaborar digitalmente uma peça ou um sistema, com as informações necessárias para a fabricação, o que permite se antecipar a possíveis problemas.

Relacionadas

Leia mais

Indústria da construção está comprometida com planejamento e desenvolvimento de cidades inteligentes
11 cursos do SENAI direcionados à Indústria 4.0
Aos 76 anos, SENAI tem nova missão: preparar os profissionais para os desafios da Indústria 4.0

Comentários