O catarinense Guilherme Erng, 19 anos, participa do maior torneio de educação profissional das Américas, no Anhembi, em São Paulo, com a confiança de quem se preparou com afinco nos últimos três anos. Um dos 18 competidores da modalidade de torneiro mecânico da 7ª Olimpíada do Conhecimento, promovida pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), Guilherme faz estágio na Berns Usinagem, de Jaraguá do Sul (SC). A empresa emprega exclusivamente campeões da educação profissional. Os donos, os irmãos Berns, um deles professor do SENAI, também são vencedores de olimpíadas do conhecimento.
Guilherme fez o curso de torneiro mecânico de manhã. Como o estágio é no turno da tarde, sobrava a noite para o treino, uma média de quatro horas diárias. “É muito sacrifício”, reconhece o técnico que o acompanha, Tiago Conte, 26 anos, que aos 14 anos, iniciou o aprendizado no SENAI-SC e não parou mais. Começou com manutenção em usinas, depois fez o aprendizado em tornearia, seguido do curso tecnológico em manutenção industrial e, por último, pós-graduação em engenharia de manutenção industrial. Toda sua formação foi no SENAI-SC, onde atualmente é professor.
Dos tempos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que se formou torneiro mecânico no SENAI-SP em 1963, houve mudanças significativas, avalia Tiago Costa. A principal delas refere-se à segurança. “Naquela época (década de 60), não havia leis específicas de proteção ao trabalhador”, diz. O avanço qualitativo ocorreu com a edição, em 1978, da Norma Regulamentadora 12 (NR 12), que trata da saúde e segurança do trabalho em relação às máquinas operatrizes.
“Com menos graxa em comparação àqueles tempos, a tornearia mecânica continua imprescindível. Principalmente para produção em pequena escala, reparos e manutenção de máquinas e equipamentos”, reconhece o instrutor do SENAI-RJ Luiz Muller, de Tornearia CNC (Comando Numérico Computadorizado), uma das 34 ocupações que estão na Olimpíada do Conhecimento.