Má qualidade do saneamento básico prejudica a indústria

Cálculos do setor produtivo apontam que seria necessário elevar de R$ 8 bilhões para R$ 17 bilhões por ano os investimentos no setor nos próximos 20 anos para universalizar os serviços

O Brasil  precisa dobrar os investimentos em saneamento básico para chegar à universalização do serviço nos próximos 20 anos. Segundo estimativa da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (ABDIB), atualmente o Brasil investe em torno de R$ 8 bilhões por ano no setor. Mas, para levar o serviço às 91 milhões de pessoas excluídas, esse volume deve subir para R$ 17 bilhões por ano. Na avaliação da Confederação Nacional da Indústria (CNI), além de prejudicar a saúde da população e elevar os gastos na área, a má qualidade do serviço de saneamento básico reduz a produtividade dos trabalhadores, aumenta os custos de implantação de unidades industriais e compromete o desenvolvimento de importantes setores, como o de turismo. A CNI vai reunir propostas do setor privado para apresentar ao governo. 

“Queremos chamar a atenção para o tema. Se não fizermos isso, demoraremos anos para universalizar o serviço. A falta de saneamento afeta a produtividade do trabalhador e desvia recursos do sistema de saúde para atender a pessoas com doenças geradas pelas deficiências do setor. Temos praias belíssimas que deixamos de usar por conta de problemas de saneamento, o que afeta o nosso turismo”, afirma o diretor de Políticas e Estratégias da CNI, José Augusto Fernandes. 

Esses investimentos poderiam ter retorno imediato. Projeção feita pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e pelo Instituto Trata Brasil mostra que, com a universalização dos serviços, ao menos R$ 42 bilhões por ano seriam injetados na economia anualmente com o aumento da produtividade do trabalhador. Isso porque o acesso à rede de saneamento reduz a incidência de doenças e, consequentemente, as ausências no trabalho. 

O consultor Gesner de Oliveira, da GO Associados, afirma que os investimentos em saneamento têm efeitos multiplicadores sobre a produção. “Precisamos colocar o saneamento na pauta da agenda da política pública. A existência de saneamento viabiliza investimentos em um município e tem efeito multiplicador. O saneamento é muito importante para atrair empresas para fazer investimentos. Neste momento é importante para a realização das olimpíadas de 2016 e da Copa do Mundo”, destacou Oliveira. 

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Indústria apresentará propostas para universalizar saneamento básico

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