Investimento na indústria do futuro

Observatórios industriais são uma área criada pela FIEPR para fazer estudos prospectivos para a indústria e para a sociedade paranaense e que brevemente será aplicada na FIEC

Quais os setores industriais portadores de futuro para o Ceará? Que estratégias precisam ser adotadas para impulsionar o desenvolvimento desses segmentos? Conhecer o potencial e planejar o crescimento sustentado da indústria e do próprio estado é o objetivo dos observatórios industriais, uma metodologia bem sucedida que a Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC) importará em breve do Paraná.
 
Desenvolvido e aplicado desde 2004 pela federação paranaense, o case de sucesso foi apresentado pela palestrante Marília Vieira, gerente da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (FIEPR), durante a 8ª edição do Inova Ceará. Convidada estrategicamente pelo Instituto de Desenvolvimento Industrial (INDI) da FIEC para expor no evento o painel Tendências do Futuro, a executiva participou também de reunião para discutir detalhes sobre a possível parceria.
 
“Os observatórios são uma área criada pela FIEPR para fazer estudos prospectivos para a indústria e para a sociedade paranaense. Eles são incumbidos de ajudar a Federação a alcançar a visão de desenvolvimento sustentável no estado por meio de uma série de projetos estruturantes de longo prazo”, explica a gerente, que considera a metodologia “plenamente aplicável” no Ceará. “Não acredito numa cópia de modelo. Mas entender a problemática mais importante do momento para o estado e desenhar uma abordagem metodológica sob medida para o problema são perfeitamente plausíveis. Existem pessoas competentes, bem formadas aqui (no Ceará). Então, não há nada que impeça. Só vejo facilidades. O que tem de acontecer é apenas a tomada de decisão”, reforça.
 
De acordo com o economista Pedro Jorge Ramos Vianna, gerente executivo da Unidade de Economia e Estatística do INDI, o órgão já recebeu o aval do presidente da FIEC, Roberto Proença de Macêdo, para desenvolver a minuta do convênio, que viabilizará a elaboração de projetos similares no Ceará. “Ainda neste semestre estaremos consolidando o convênio e implementando o primeiro produto”, antecipa. Segundo Pedro Jorge, dois projetos serão inicialmente implementados: o levantamento dos setores portadores de futuro e a definição das rotas estratégicas de desenvolvimento. No Paraná, a FIEPR já desenvolve, além desses, outros projetos como a articulação das rotas estratégicas, as cidades inovadoras 2030 e os perfis profissionais para a indústria paranaense.
 
“Nós conduzimos um processo prospectivo de identificação de setores portadores de futuro para o estado num horizonte de dez anos. Na sequência, elaboramos rotas estratégicas setoriais, também para um horizonte de dez anos, visando desenvolver esses setores. Temos também uma iniciativa em curso, que são as cidades 2030, que se propõe a pensar as cidades num horizonte de 20 anos, a fim de que elas estejam num passo propício ao surgimento de empresas e indústrias de alto valor agregado e para que as pessoas que habitam nessas cidades sejam as mais inovadoras possíveis para trabalharem nesse novo ambiente”, disse Marília Vieira.
 
Segundo a palestrante, há outro projeto em andamento no Paraná – a identificação dos perfis profissionais de futuro: “Se as indústrias vão mudar, se queremos coisas novas, quem são esses profissionais que vamos precisar? Então, neste momento, estamos realizando um trabalho bastante robusto para identificar quem são esses perfis de profissionais que iremos necessitar”. Conforme Marília Vieira, todos os projetos do observatório têm em comum o propósito de ajudar o estado a caminhar de forma segura rumo a um desenvolvimento sustentável.
 
Nessa perspectiva, explica que o observatório da indústria questiona qual o papel e a responsabilidade de todos e de cada um. “Nós entendemos que a prosperidade da indústria depende diretamente da prosperidade local. Por isso implementamos no Paraná redes de desenvolvimento local para estimular a cidadania e envolver as pessoas.”
 
Resultados
Passados quase oito anos desde a implementação da metodologia, o Paraná já está colhendo os frutos desse trabalho. “A gente observa uma mudança cultural. Antes, não fazia parte dos discursos e nem das práticas de empresários, da academia ou do governo falar em planejamento de longo prazo. Agora todos falam da importância disso e todos se propõem a fazer”, observa Marília Vieira.
 
Outro avanço é que anteriormente a FIEPR era propositiva. Ou seja, sempre realizava e financiava tudo. Agora, as instituições buscam a Federação e pedem que ela faça planejamentos de longo prazo para elas. Conforme a gerente, é uma mudança total de comportamento, inclusive de posicionamento e de imagem. “Nós construímos um espaço que não existia.”
 
Em termos de estado, a palestrante conta que muitas das ações propostas como necessárias pelo observatório para que as visões de futuro se concretizassem estão ocorrendo por iniciativa dos próprios atores. “Cada universidade se apropria e começa a implementar no seu tempo, de acordo com sua possibilidade e sua área de atuação. Aquilo que compete às instituições de terceiro setor também está ocorrendo. Marcos regulatórios complexos, que nós acreditávamos que eram entraves maiores, também estão se realizando.”
 
Marília Vieira se refere, principalmente, ao marco legal relativo à geração e à distribuição de energias renováveis, às PCHs (Pequenas Centrais Hidrelétricas). “Hoje, é possível ter unidades geradoras de energias renováveis em qualquer lugar. Essa energia pode ser gerada para alimentar uma empresa ou uma casa. E o que sobra ainda pode ser distribuído para a rede.” O marco regulatório que permite que isso se realize agora não existia, mas se tornou realidade a partir da experiência do Paraná. “Isso era uma coisa maior, que acreditávamos ser mais difícil de acontecer no Paraná. E agora é um marco regulatório nacional”, completa.

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