Cresce a preocupação dos brasileiros com o aquecimento global

Pesquisa da CNI mostra que 65% da população classifica a mudança climática como muito grave. Em 2009, o índice era 47%. Do total, 94% se preocupa com os problemas ambientais

Brasília – O brasileiro está mais preocupado com o aquecimento global. Pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI), divulgada nesta sexta-feira, 4 de maio, aponta que 65% da população considera a mudança do clima como um problema muito grave. Em 2009, o índice foi de 47%.  Além disso, a maioria dos entrevistados acredita que esse é um assunto urgente e que deve ser enfrentado imediatamente.

“Há uma maior sensibilidade por parte da população em relação ao tema. As pessoas estão sentindo a mudança do clima, percebem a variação na temperatura e a ocorrência de desastres naturais, como as enchentes”, avalia o gerente executivo de Pesquisa e Competitividade da CNI, Renato Fonseca. “As políticas de conscientização estão atingindo mais as pessoas”, reforça.

O estudo Retratos da Sociedade Brasileira 2012 é feito pela CNI em parceria com o Ibope. Foram entrevistados 2.002 eleitores, de 16 anos ou mais, em dezembro de 2011 – seis meses antes da Rio 20, a Conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre desenvolvimento sustentável. É a terceira edição da pesquisa com foco no meio ambiente. A primeira foi apresentada em 2009. O estudo está dividido em três capítulos: preocupação com o meio ambiente, mudanças climáticas e coleta seletiva de lixo e reciclagem.

PROBLEMA URGENTE – Para 65% da população, as mudanças climáticas devem ser enfrentadas urgentemente e 22% querem ações imediatas, mesmo que o problema só ocorra daqui a alguns anos. A maioria (79%) associa o problema às ações realizadas pelo homem e 16% dizem que se deve a um processo natural da terra.

A indústria foi eleita por 38% dos entrevistados como a principal responsável pelo aquecimento global contra 22% que optaram pelo cidadão e 18% pelos governos. Contudo, no Brasil, a principal fonte de emissão de gases do efeito estufa é o desmatamento e, apesar disso, apenas 3% responsabilizam as empresas agropecuárias – cuja atividade está associada a esse problema.

Assim como ocorreu na percepção de gravidade do aquecimento global, o percentual da população que se preocupa com o meio ambiente de uma forma geral também aumentou. O índice passou de 80%, em 2010, para 94%, em 2011. Para 44% dos entrevistados, a preservação deve ter prioridade sobre o crescimento econômico, enquanto 40% dizem que é possível conciliar os dois.

AÇÕES INDIVIDUAIS – O desmatamento é o problema que mais preocupada, eleito por 53% dos entrevistados. Em seguida está a poluição das águas, citada por 44%, e as mudanças climáticas, com 30%. Contudo, mais de 40% dizem que as iniciativas em prol da preservação do meio ambiente se mantiveram inalteradas, seja por parte do governo, das empresas ou mesmo da população. Mas 68% acreditam que o governo da presidente Dilma Rousseff dá atenção ao tema ambiental.

Do total, 71% afirmam evitar o desperdício de água e 58% procuram economizar energia. Embora a maioria (52%) diz estar disposta a pagar mais caro por produtos ambientalmente corretos, apenas 18% dão prioridade a produtos “verdes” ou embalagens recicláveis. “A população está sim preocupada, mais consciente. Contudo, as ações estão muito focadas na economia dentro de casa, ainda falta um comprometimento maior”, afirmou Renato Fonseca.

Mais da metade da população (59%) separa algum tipo de lixo e 67% consideram a reciclagem muito importante para o meio ambiente. No entanto, 48% afirmam não ter acesso à coleta seletiva de lixo. Foi a primeira vez que a pesquisa analisou a opinião da população sobre coletiva seletiva.

 

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